sábado, 20 de setembro de 2008

Mais que sem medida, simplesmente desconexo...



A síndrome de Freud, um domingo qualquer...



_ Bom, e o que você é?



_Sou rio, profundo, eterna corrente, escuro sempre de encontro ao mar.

_E se eu me jogar nesse rio? _De certo que se não souber nadar, vai morrer afogado...


Aquela noite teve um fim estranho, aroma de cigarro com tequila.

_É eu sempre faço perguntas difíceis.


Ir pra casa às três horas da manhã também não foi por assim dize,r nada
sistemático, porém, não que não fosse comum, não comum foi sua última frase.

_Desde pequeno tenho um sonho gostaria de saber qual é?
_Não. Foi minha palavra final.


No caminho pra casa dentro do táxi eu procurava entender racionalmente qual o motivo de eu não querer saber de seu sonho infantil, bom! Nada mais comum, afinal de contas qualquer coisa que chegue mais perto do real não me interessa.

_Moço, por favor, tem um posto de conveniência logo mais á frente poderia parar pra mim? Preciso de cigarros.


Em casa eu olhava o celular, desejando que tocasse. Sua cretina! Não é pra isso que você tranza sem compromisso, vai sentir pena de si mesma nessa altura do campeonato? Começo á lembrar de pedaços da noite, devaneios ou realidade? Afinal qual a diferença?
Vão ser sempre devaneios, é verdade ele tinha
as mãos perdidas, quase não consegue achar os botões da blusa, pois pudera, é um meninoAntônia, não passa de um menino, mas sua boca achava a direção de tudo.


_Você sonha muito não é Antônia?
_Sim eu sonho muito, mas é algo entre a cabeça na lua e os pés no chão.
_Eu não consigo dormir quando tenho pesadelos com cobras, acordo sufocado, angustiado, tenho a sensação de que estão embaixo da cama ou sobre mim...

Freud explica... Mas pra ele, tudo se resumia á sexo.

Acho que vou mandar uma mensagem, puta que o pariu! Sua fraca... Me vejo então de frente para todas as mentiras presentes em minha vida, desde menina, a falsa família feliz, o falso animal de estimação, o colégio insuportável, o primeiro namorado, que quando pegou pela primeira vez nos meus seios, quase vomitei de tanto nojo, as meninas mais bonitas, mais inteligentes, eu sempre mais perdida, melhor, mais desencontrada. Que droga! Que desprezível você é!


Pronto, agora começou a chover, preciso de Janes
agora, quando ela começar a cantar e rasgar com sua voz cortante, talvez eu me sinta melhor, vinte sete anos e me sinto menor que nunca,puta que o pariu!

Os homens não fazem ideia de como esse joguinho é maçante
, na verdade só é bom de início depois queremos mesmo é sossego, uma boa trepada vez enquanto e por ultimo talvez um telefone no meio da madrugada. É dá pra sentir o cheiro dele ainda, não, não quis tomar banho passar um tempo com cheiro dele em mim, faz com que eu me iluda um pouquinho mais.

_Te lembre disso menino, meu pagamento é em sonhos alheios, por assim dizer nada muito emocionante, mas gosto de analisar tais sonhos e os melhores são aqueles que não podem ser realizados, te digo tudo quanto não posso ter me pertence.


Amanhã é domingo, detesto domingos, almoço em família, crianças, programas débeis, na verdade tudo bem já que não tenho que me preocupar com família mesmo, mas algo me deixa chateada, detesto domingo,opa! Mas já é domingo, relógio idiota... ( lá vou eu novamente...)
_Alô...
_Quem é?

_Por favor, queria que me contasse seus sonhos, aqueles de menino...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Egoísticamente só...


Bom eu sempre estive só, não que eu não gostasse de estar só, o que eu não gostava era de ser só entendem?


É uma ténue diferença, mas há sim uma ponte entre ambas, não muito difícil de transpor, no entanto de tudo o que mais me irritava quando criança, eram os amigos imaginários, pois mesmo sendo fruto de minha mente ( será?) eles tinha sobre mim forte influência, no decorrer do tempo entre fragmentos e músicas, poemas e discórdias internas (bendita adolescência!), percebi que eu mesma poderia mudar o colorido de mim, então por vezes me fiz em preto e branco, naquilo em que eu calava eu dizia muito mais, patético?



Pode até ser...
Mas era eu quem decidia o que era ou não interessante, pois se tudo quanto tinha não me pertencia ao mesmo tempo eu de lugar algum vinha e pra lugar nenhum iria , sim vocês podem até dizer..." coitada escrava da própria liberdade". Tudo bem! Mas quem não é? Provavelmente esgoísticamente só eu ia de um estado de ser á outro em questão de segundos, seria mais que cordial olhar para os outros e desejar boa sorte, não mesmo! Desejo aos meus sorte, desejo aos seus que a sorte os deseje, alguns sequer merecem as cicatrizes que carregam, cicatrizes essas que perduram vidas, que transcendem eternidades, que anulam qualquer indagação infame.

Tendo um rosto no qual não se pode ler,sendo ambígua o tempo todo, duas que não se entendem, por vezes nem moram juntas mesmo estando no mesmo lugar,duas sombras em espaços iguais, mas em eras diferentes, essa tal relatividade me deixa infinitamente louca!
E que eu nunca seja como você, que finge ouvir, mas só fez escutar,que nesses meus devaneios e gritos roucos eu não contenha nada, no meu silêncio desestimulado eu me faça entender, falar de mais as vezes cansa, todo estremecimento desejado,todo gozo contido,todo prazer profano, é necessário medidas drásticas, como aquietar-se diante de um pôr do sol.


Necessita-se entristecer-se para poder emergir daquele poço,fundo ,que quanto mais se cava, mais lama,mais água, sinceramente no fim de tudo eu não busco sentido, melhor mesmo só sentir,nego-me terminantemente á redenção de uma santa, redimo meus pecados ao lamber minhas próprias feridas, instantes são instantes, inconstâncias casuais, términos sequer existem,o que há de fato são cores, fico eu em preto e branco então.