quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ouroboros...



Diz-me senhora, quando resolver me entregar o caminho, acreditava que eu pudesse chegar? Mais ainda, pudesse chegar viva e maior?

Que meus pés queimando ao longo do caminho me façam lembrar de quando fui areia do Saara, salamandras dançantes beijavam os desavisados, ouvi conversas vindas do vento que faziam meu coração gelar, mergulhei de forma absurda no poço da saudade, tive visões estranhas de uma lagoa cercada por pedras, onde uma mulher prenha e nua me mostrava um alto penhasco, dele pendia uma enorme pedra, prestes a cair, ainda não...

Tal pedra derramava lentamente lentas gotas...

Reino por ti senhora, pois a roda tornou a girar, decadentes são aqueles que julgam não te amar, esquecendo o fato de que a ti pertencem antes mesmo de serem concebidos, as labaredas que acendi em pensamento me trazem agora a certeza da vereda trilhada, pareciam perdas não é mesmo? Não, não eram, eram encontros noturnos e de fato diante de mestres e damas sacerdotisas eu pude ouvir tambores latentes, fazendo com que a terra enfim parasse, diante de teus pés prostrei-me, te mostrei a que vim, me mostraste o que sou, quem deveria ser, agora .

Surge a primeira estrela, senhora, vou-me novamente como quem reaprende a andar, vendo as cores pela primeira vez, teus olhos de tristes passaram a famintos, eu te alimento, tu me alimentas, não venho em partes o primeira das mulheres, venho inteira, sou corpo e alma de andanças, sou cigana de muitas noites, dias infindáveis, o medo da criança, a dúvida do homem, a certeza do velho. Sou onde tudo é recomeço, ré...começo.

A ti Lilith.