sábado, 19 de março de 2011

Do que o passado sabe de mim...


Sentou de frente ao jardim, mais por nada do que para observá-lo, de fato o dia encontrava-se ameno e diante de tantas cores as lembranças da infância vieram lhe fazer uma visita. Naquele tempo o mundo gastava pouco tempo, mas não seria assim sempre, nada é sempre, depois da segunda guerra o planeta já não era tão azul e seus olhos cinza ainda contendo o brilho dos verões transparecia alegria leve e contida, que era para não se arrastar pelo mundo, deprimido e inconstante, estranhos fatos...

Mas era domingo e nos domingos além do tédio habitual havia a missa na qual ele ia de calças curtas, meias longas, tudo bem que fosse apaixonado pela filha do dono da sapataria”Ah mas ela tinha pés feios”. Riu-se das lembranças, essas tinha cheiro de água de alfazema e biscoito de goma. Não nunca mastigou a corpo de Cristo. Mas pensando bem perdera a conta de quantas vezes embriagou-se com seu sangue “caspita!”.

Gargalhou pra valer então e percebeu no jardim borboletas fazendo amor, ali, aquele ato tão simples, tão sem enredo. Olhou suas mãos tremulas vivas e cheia de veias mais expostas do que nunca, recostou-se um pouco mais na cadeira de vime e não pensou em mais nada. “Haveria chuva então?”.

“Aquila non capitat muscas”.

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