quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Porque nascer dói tanto quanto morrer....


Foi assim, andou como se nunca fosse chegar e de fato, jamais chegou, não bastava o tempo correr nem as cores se misturarem, tal como criança quando junta todas as tintas que tem, somente para ver que cor irá virar, sendo assim deu-se conta que todas elas quando juntas não passa de cinza borrada, de certo você mesmo já olhou o céu borrado assim, talvez os deuses acreditem que misturando vez ou outra lilases, amarelos, vermelhos carmim e azuis infinitos, os mortais que se dêem conta de que luz á favorável até o momento em que não cega...
_Terá de cair!
_Mas não fiz nada senhor
_Mas eles fizeram e só terá tuas asas novamente quando todos estiverem por completo capturados, arrependidos... Chovia tanto que ninguém seria capaz de ouvir seu choro, tal como nem ela entenderia naquele momento que se tratava de um. Nua e sozinha... ”Então era assim nascer?” Os carros com suas luzes coloridas iam e viam sem para, apesar da chuva torrencial, tempestade essa que era tão alta que nem mesmo nos seus mais estranhos pensamentos saberia descrevê-la, mesmo estando lá quando tudo começou. “Talvez nascer fosse tão ruim quanto morrer”. Não saberia dizer, nunca havia morrido, assim como era a primeira vez que nascia, tentou levantar aos poucos, mas as pernas ainda estavam cambaleantes e desacostumadas ao chão, poucas vezes o tinha tocado, exceto pela vez que tinha ido visitar uma senhora que no momento da sua ida havia clamado pelo seu protetor. Ela? Tocou os seios nus e não entendeu a maciez deles, desceu até o umbigo e aquele furo em seu ventre era estranho e parecia de alguma forma parti-la ao meio, desceu um pouco mais a mão e se sentiu suja, mesmo com toda aquela água caindo, foi alto rápido e para ela, assustados, agora sentia o corpo arrepiar, agora sentia frio, e algo a incomodava, o estômago vazio a fazia gemer, mas nem isso era tão assustador quanto ao que veio logo a seguir, sentou-se ali mesmo no chão molhado e frio, faltava algo... “Onde elas estão?”. _Senhorrrrrrrrrrr! Onde estão elas? Vamos responda-me! Apenas a chuva e os carros, as buscou em suas costas mais uma vez, pode sentir com um pouco de esforço suas vértebras, mas ali elas não se encontravam.
_Senhor! Eu não fiz nada, eu... Teve um flash, em questão de segundos, logo após um sentimento de abandono a tomou, era isso que os humanos sentiam quando perdiam alguém, quando se sentiam só ? Quando iam morrer?
_Senhor, traga-me minhas asas de volta, não entendo o que se passa, estive ao seu lado o tempo todo, fiz como me mandou, nunca, jamais deixe de obedecer a uma ordem tua e se bem me recordo estou aqui por erros alheios, que há de ser de mim?
_ Preciso ir, quero voltar para casa... Mais chuva, mais carros, e numa dessas avenidas, uma derrapada, um automóvel qualquer freou bem em cima a tempo de não atropelá-la, como agora se fazia presente o instinto ao invés de levantar e correr encolheu-se tal uma criança faz quando está no ventre da mãe, a pessoa que dirigia desceu do carro, ela continuava encolhida, mas agora alguém ouvia seu pranto...
_Meu Deus!
Não era Deus, mas com certeza divinamente falando, o fim estava apenas por começar..
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sábado, 2 de outubro de 2010

Vaidade . Tudo vaidade...


02 de outubro de 2010...

Foi uma tentativa,talvez a mais errada de todas, mas não é sobre isso que quero divagar, quero somente afirmar pra mim mesma que não há nada de errado comigo, que as escolhas que fiz não foram ruins, que tudo que mereço de bom há de vir, que me dei a chance de ser feliz, que o relógio não anda para trás, que mesmo sozinha estou bem, que a chuva que estar por vir é tempestade boa, das que lavam o corpo e a alma, que fiz o bem sem olhar a quem, que todos esses dias vão ficar na caixa de memórias, que se errei, errei tentando acertar, mesmo que digam "o inferno está cheio de boas intenções" eu não sou assim e quando puder descansar finalmente e andar pelas ruas sentindo a brisa de leve meus pensamentos vão vagar somente em busca de meu lar, os dias são arrastados mas eu entendo de sonhos e pressentimentos, depois deles o que fica é o silêncio, a casa vazia, a louça lavada, talvez eu tenha outro gato, talvez eu lute ainda,pois tenho em mim uma enchente de sentimentos, algo tão sutil e tão devastador que só deveria assustar a mim mesma, deve existir uma explicação, mas quem me dará?
É mais uma dor e esta como tantas outras há de passar, só uma chance, não me foi dada, então alimento-me de mim mesma,a solidão é necessária...sons nem sempre são desejáveis...
Ao ouvir música amor, ao sentar sozinho, ao ver que não fui culpada, ao perceber que quase te curei, por favor não se arrependa,mas tenho pra mim que jamais, jamais fui a foice, não sou o corte, nem faço sangrar.
Faço 31 e mudo de casa, faço versos e deixo a rima se quebrar, eu me quebro mas não perco os fragmentos, a beleza de tudo isso é insistir em ficar bem, em minoria ainda faço parte dos que falam com o vento e usam espelhos de tempestades,águas que caem de forma deliberada, água sem fim, um pedaço de outro outro peçado de mim, sempre que chove as nuvens se misturam ao ar...

domingo, 22 de agosto de 2010


Se sentaria ali por horas, muito embora o mundo fosse grande e se sentisse pequena de mais, grãos de areia fazem os olhos coçar...
O grito essencial seria sumir, o rumo de encontro ao vento , a volta não prevista e o tempo errante contra ele mesmo, diga que não recebeu cartas nem atendeu telefonemas, não caber em si é um grande devaneio.
Pediu demissão no mesmo dia, não esperou seus direitos, esses ela já os possuía, esperar não cabia mais na mala, que mala?
Carregou o corpo e a mente cansada por anos, agora só levaria a si mesma dentro desse contexto as passagens estavam compradas ha anos, queimou fotos e deixou o lixo na porta, pra deixar bem claro que não morava mais ali, cartões de crédito e avisos prévios? Que se dane! A vida não dá aviso prévio.
Aos idiotas o pão, aos ociosos o vinho, aos sábios a água.



sábado, 21 de agosto de 2010

A corda do enforcado: Violinos e vulcões...


A corda do enforcado, violinos e vulcões...

Dia estranho, a impressão que dá nesses dias, é que tudo está parado, o vento não corta as nuvens, o céu fica cinza chumbo, nem uma folha se meche, não chove e muito menos faz sol, não sei como assim, mas é assim e o mais triste? Alguém sempre morre especificamente nesses dias, todos os dias morrem pessoas, eu sei, mas em um desses tenho pra mim que algo tão estranho como o cinza dia ocorre, se me provar o contrário toco algo pra você...


_ Como assim não apareceu? Simplesmente faltou, sem dizer o motivo?
Não me parece coisa dela, em geral ela sempre avisa...
Sei! Tudo bem se souber de algo, me ligue.
2008, mais um ano eu acho, devem ser tão quanto e qual como todos os outros, mais uma peça pra ensaiar, ao menos é um papel do qual eu gosto, mas sinceramente essa lentidão me cansa, eu sei, eu sei, tempo é tempo não é mesmo? Não pra mim tempo é rotina, e quanto mai rápido passar, melhor, não é o caso de ficar mais velha, mas aí vêem outros feriados, e sinceramente isso me irrita, cada dia me olho menos no espelho e confesso que prefiro assim.
Hum! Telefone...


_ Mas foi o sonho mais estranho que tive...
_ Você sempre tem sonhos estranhos, não vejo grande novidade nisso.
_ Não, me deixaeu contar foi algo como eu diria fora do comum ué!
_ Olha se você puder me ligar outra hora agradeço, ainda tem o ensaio e eu tenho um trabalho da faculdade pra terminar, prometo que ouço tudo mais tarde ok?
_ Ensaio, trabalho, tudo bem, mas é...


_ Bom vai responder ou não, alô, alguém aí, bom conto até dez caso não responda eu tenho mais o que fazer


_ Sonhei com cartas de tarô, mas entendam eram imensas, e cada vez em que eu me aproximava mais um pouco, via ao longe rostos conhecidos, eram familiares, no sonho claro! Mas na verdade eu não conhecia ninguém...


_ Sete, oito, nove, dez, avisei, desligando


*SONHOS ESTRANHOS SONHOS*

_Não sei, mas estou digamos um tanto desestimulada com a peça, falta de grana ajuda, digo, a falta de dinheiro na verdade não ajuda, ta bem você entendeu, e, além disso, atores faltam aos ensaios, isso é realmente chato, entendo que até posso estar julgando, não acho que não, estou falando por mim, você ainda quer me contar algo?
É ele novamente, tocando de novo, eu até gosto do som, mas o que me irrita de fato, é que toca tantas outras e mais essa, sim digo mais essa pelo fato de eu gostar dessa, ok, ficou confuso, mas é algo simples de entender e complicado de se explicar , essa música que ele toca, essa mesma de agora, pois bem, ela me corta por dentro, deixa o que menos quero exposto, e quem gosta de ficar exposto?
Detesto pronto eu disse a mesma música novamente, vai me perguntar o que isso me trás á lembrança, ótimo senta aí e toma algo bem forte, essa conversa nem é das melhores, to sonolenta e realmente não vou me fazer entender, mas de repente consigo um resumo da minha vidinha adestrada. Lembra-me um fim de tarde qualquer e algumas palavras ,digamos, perdidas, costumo dizer que se perderam, pelo fato de que , nunca, nunca mais as ouvirei, ai mas você vai dizer “palavras sempre se repetem ora!”
Mas é claro que sei disso, não é o motivo da discussão, certo?
O fato é, se foram e eu fiquei, e sempre foi assim, minha vida foi um quase, nesse momento você me olha assim e se pergunta “porque todo esse desespero”
Negativo, DE SES PE RAR, deixar de esperar, e não foi isso que aconteceu, portanto, lhe digo, eu não me desesperei...

_ Posso contar agora?
_ Sim, pode...

_ Meu telefone está com problemas, só pode ser, não consigo entender nada do que dizem e ouço vozes que nem sei de quem são.
_ Olha Clarice eu te digo, isso é mais que comum todo tempo, esse lance de milhões de celulares, ligados ao mesmo tempo, milhares de pessoas no mundo todo falando, alguma hora isso tem que dar problema não?
_ E eu faço o que? Já tentei cancelar a linha, mas não agüento mais ficar ouvindo música New Age enquanto espero, e no fim eles desligam na minha cara, te juro não quero nem saber, preciso dos meus contatos e nem sempre posso contar com o computador pra isso, quero minha vida telefônica de volta!
_ Calma, eu não estou rindo da sua desgraça, mas você se afoba por pouco heim!
Olha ta toc
ando, duvido que seja algo realmente pra mim...
_ Não tem graça!
_ Tem sim, precisa mesmo ver sua cara agora...

Meu rosto? Não sei dele, sim, minto, na verdade sei sim, mas não importa, o que eu iria querer com algo que nem me pertence mais?

Continua [?]





Estilo Monet...Começando pelo fim...


Você já começou pelo fim?
Recomendo, sei que vai dizer que começar pelo fim é como saber quando e como se vai morrer certo?Errado, não existe fim, são sempre recomeços...
Tenho pra mim que a vida como a carta de tarô da roda, faz as coisas girarem e vez por outra nos deparamos com situações que nos parecem iguais, pois venho afirmar, ele não se assemelha a absolutamente nada que conheci, muito embora tenha vindo de algo que conheço muito bem, ele não é pixels, tem pele e é quente, tem toque e faz tremer, é mutante, nunca o vejo igual ou semelhante, somos bem diferentes, mas perfeitos juntos, somos uma mistura de massive atack e portishead juntos.
Conheço o fim, mas não me dou conta de como será nosso meio, um estranho entrou em minha vida, estranho? Ah perfeito!
Que o fiz conhecer o inferno e que ele fez disso a sua casa, que meu toque é como acender um vulcão adormecido, que ele é como bicho, ou animal sentimental que se apega facilmente ao que desperta seu desejo rs...
Que cantamos canções esquecidas em minha cama, que disse em meu ouvido "adoro você", que beijou meus olhos de ressaca e me fez esquecer a segunda-feira, que viria mais cerdo ou mais tarde "quero que dure tanto mais".
Na hora de ir não houve despedidas "parece que iriamos nos encontrar em casa no fim do dia". Achei e senti o mesmo, o quarto ficou vazio, restou um sabonete, as fotos , as músicas , todo dia ele sorri pra mim rs...
O cheiro na colcha de cama, o corredor que me leva ao apartamento não é largo, mas parece que levo horas pra chegar ao meu e sempre vejo aquele casal sentado na escada, olhando o fim de tarde, fim de tarde estilo Monet, no qual algumas história e verdades foram aceitas,surreal poderia descrever, mas creio ter ido além, me corriga se eu estiver errada, segundos mudam sua vida, pessoas te matam ou te fazem viver, sei como é resurgir dos mortos, ele também, iguais? Não. Mas somo um quando dois juntos, conjuno unitário, feito quando se toma vento no rosto de manhã cedo, sensação de que o mundo pode nos dar mais e nada absolutamente nada nos poderá ser tirado, permito que more em mim pelo tempo que durar, permita que more em vc pelo tempo que me amar, no mais a cada brisa sentida,deixo-te um beijo meu.
Te vi dormir, foi o bastante pra ter certeza, a mesma? Nunca mais.


terça-feira, 13 de abril de 2010

Intrisecamente o mundo ainda chora


Ele havia guardado a voz na secretária, só pra não correr o risco de perder resquícios dela, vagava algumas noites quando chovia “quando chove o mundo chora” o mundo e ele. Havia uma rua comprida por onde seu olhar passava, sem maiores cuidados, uma senhora sempre estava sentada ali, a cadeira para trás e para frente, num movimento rotineiro e sem maiores intenções, balanço, mas chovia tanto e o mundo chorava, caminhava farto dos conceitos e dos laços supostamente formados, trazia consigo uma certeza somente, andar sem parar até que desaguasse nele aquela inquietude, levando todo o resto da cidade numa enxurrada de coisas novas, uma faca de dois gumes era tudo aquilo, alimenta o desejo de se perder e ao mesmo tempo o de reencontrá-la “ Volto assim que der , beijos”.

O cheiro de mofo há dias tinha tomado conta de sua casa e de sua alma, não conseguia discernir que tipo de dia teria sido aquele, como todos os outros? Duas ou três vezes tentou rasgar as fotos e queimar as cartas, mas havia a voz, e aquilo não era como todo o resto, queimar, rasgar exige ritual, mas apagar com um clic? Não poderia ser desta forma, teria de haver algo mais, teria de suprir o medo da capacidade de fazer tal coisa, queria beber algo que lhe tomasse o fígado como fel, mas só havia conhaque, então que seja...

Quantos dias se iam desde então? Dez dias, um mês, dez anos? Um século ele se sentiu assim, como se todo um século tivesse corrido e a voz ainda permanecia ali, contou quantos calendários tinha em seu quarto, perdeu-se nas contas o conhaque estava fazendo efeito, desligou a TV que se encontrava ligada somente para dar a impressão de alguém mais no cômodo, o ar lhe faltava, mas isso já lhe era conhecido, escreveu duas ou três palavras sinceras, não conseguiria mais do que isso. Foi feliz quando a teve, mas hoje não saberia diferenciar o real do sonho, é que a chuva ainda caia, sem capa ou qualquer agasalho desceu as escadas novamente, vento frio e neblina grossa não importam quando se perde os sentidos, àquela hora da madrugada poucos carros passavam por ali, pensou em tomar um taxi, mas pra onde?

Seguiu a pé, tinha de andar, tinha de respirar, tinha de viver, o motivo? O mundo ainda chora.

Um dezembro qualquer...

Deixou uma mensagem rápida na secretária “Volto assim que der beijos”. Arrumou o cabelo de forma descompromissada “Poxa o mundo irá desabar”. Em frente a loja de bugigangas se perguntou “Preciso mesmo comprar algo?”. Necessidade não é vontade e naquele momento o desejo de seja lá o que for era mais intenso, não sabe quantos minutos ficou ali para, algo lhe havia chamado atenção, uma caixa de música, não muito diferente de outras que tinha visto na infância ou até hoje, mas analisou como é triste ser bailarina de caixa de música, rodar, rodar, sem parar ao som da mesma melodia sempre, um som ao fundo fez com que ela acordasse da vaguidão, um tilintar na verdade, um mensageiro dos ventos que balançava alto dentro da loja “É isso preciso de um desses, preciso? Bom! Pelo menos irei ouvir outras melodias”

O sol saiu por entre as nuvens, mandando que todo o vento frio e chuva fossem embora, “Embora!” pensou ela, “Nunca poderei ir embora, nunca conseguirei ir embora”. Buscou seus cigarros na bola, uma criança que vinha junto à mãe nesse momento esbarrou nela, vinha com um sorvete na mão, de fato ficou toda lambuzada, tentando esquivar da mãe também desceu a calçada, se limpando e ainda procurando os cigarros,”Mas que droga! Pareço um pote de sorvete no final”. Acabou rindo de tudo aquilo “Mas onde estão os malditos cigarros?”. Do lado oposto da rua um carro zunia a avenida e sem prestar atenção o motorista que dirigia desesperadamente, efeito de bebida e feridas abertas, nem prestava atenção que iria chover, fechou-se o tempo. ”Meus cigarros cadê?”.

A TV no mesmo canal, a voz ainda viva, os calendários e a mesa posta, ” Volto assim que der beijos”. Precisava ir sempre, mas por quê? O mundo ainda chorava.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Diferir de fé...



Não nasceu, foi parido, trazia consigo um medo considerado, uma coragem espontânea e uma arrogância desmedida. Olhava o mundo com um cinismo cliníco, como se curasse ador alheia alimentando a sua. Cidadadão honesto comprava todos os dias 1 kl de palpitação de 2,5 kls de sobrevicência, transposta. Sentado á frente da igreja olhou atortoado acima de seus sonhos o anil sem fim, pensou mais um poucos e chegandoa á conclusão alguma se perguntou "Um caco fragmento de gente é um desconforto?" Tinha um ar bobo de criança quando no berço enxerga algo pendurado, imóbile, mas se sentia móvel, sua carne não era totalmente exposta, porém de certa maneira avermelhava-se de rubor quando tinha de vestir algo que não lhe pertencesse, o terno azul marinho, a gravata amassada, o sapato apertado, a carra enrrugada, o cabelo ralo e o franzido da testa, de todos os seus pertences uma coisa somente era sua, o atro de se despir, vestiralgo longo,ser ajudado no ato. Aparecia acima dos degraus como um pop star ascendendo do fundo do palco. E dizia: "O senhor esteja convosco" Ao que os fiéis respondiam "Eles está no meio de nós". Oremos!

domingo, 11 de abril de 2010

Um monte de nada


Era somente um lugar pra fugir de si, é que os braços que buscava não existiam mais, às vezes tinha dúvidas se algum dia realmente estiveram ali, um caminho estrambólico, se sentia como um balão quando furado, sem oxigênio , como nascer ao contrário, ainda éramos caçadores, me parece que sim, mas por uma inquietude alheia as cores se misturaram dando um to acinzentado a todo resto, se você corre pra comprar coisas, sugiro que aproveite nossas promoções, liquidação geral de inverno, se morre uma vez e se ganha duas dores extras, deixar vagos os pensamentos e displicente o ego alheio. Pela vez em que te respeitei e você não se moveu, pelas horas incertas e meus gostos estranhos, pela deficiência ao dizer não, resguardando uma frase que ouvi quando criança “fala macia, dentes afiados”, é quando você chora fingindo sorrir, mas os prédios têm tantos apartamentos, nenhum com o número zero, algum qualquer um que leve ao elevador, se eu morrer quem dará comida ao gato? Se acaso fosse diferente eu diria que as placas nas rodovias são implacáveis quando se trata de interromper coitos, todos assustados, com o siga ou pare! De uma lua tão grande, crateras tão pequenas, furos minúsculos apenas fatos soltos, tecendo o tempo a senhora do ventou ouviu uma canção surda, destinada aqueles que esqueceram suas almas, se deram por satisfeitos, afinal quem precisa delas? A senhora ergueu a cabeça de uma forma inesperada cuspiu em seus olhos, todo o resto, todo o resto, apagado, submergido o fundo que se procurava e o raso da canção fez com que todos dormissem “Não há mais fantasmas menina, não há mais nada”.

sábado, 10 de abril de 2010

A fiar o tempo...


O mais estranho é que hoje senti a sua falta, do copo vazio sem água ficou um

pouco de saliva, eu lembro sim, deixei ali no canto, soprava um vento vagabundo naquela tarde, dentro do copo existe uma teia fina, teia de aranha, se olhar mais de perto é uma teia bem desenhada, mas o mais estranho é que mosca alguma foi pega, eu fui...

Você foi alguém virou pra mim e disse “cigarro corrói o estômago” respondi que um amor mal resolvido também, e dores não curadas geram câncer, raiva, frustração, ainda procuro um nome adequado pra o que sinto, pode ser intuitivo, mas sempre que passo em frente á um parque de diversão, vendo a roda gigante girar me sinto tonta, tonta pelas hora que não vi passar, pelo erro da escolha certa, por buscar um tom de cor, um tom maior a note que fosse feita pra dissimular inclinação para o errado, nota qualquer de menor ou maior valor, destrinchando aquele temeroso odor de nunca se sabe quando.

Uma vez sentei naquela praça, onde tem o rio cortando a cidade, havia crianças brincando, foi tão saboroso isso, vestida de azul eu era como o céu e quem passava por mim me olhava e fazia um pedido, qual seria o seu pedido se nada mais lhe pudesse ser concedido?

Vai levar um eterno ano até que tudo volte ao lugar, a maior mentira a mais bem contada, findou-se o tempo prematuro, findou-se novembro, as folhas já caíram, nada, absolutamente nada volta ao lugar, aqui , tudo espatifado, tenho entre os dedos rugas significativas marcando o momento exato em que você bebeu da água , andou a passos largos mas vagaroso, a porta fechou sem barulho, arrumou o quadro sempre torto na parede,pigarreou alguma vezes, apenas conferindo se conseguia se ouvir...

Que pedido você faria se nada mais lhe pudesse ser concedido?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Há temporal


Foi um momento, nada muito grande, nem decisivo, um momento a abelha passou zunindo entre as folhas, mas o que pode haver de mais em uma abelha entre as folhas? Nada, como eu disse, foi rápido, não capturei o momento, não se prende isso, nem se guarda como espasmos de gozo, você sabe que quase morreu, mas quando passa você não sente mais.
De certa maneira ordinária eu penteava os cabelos e amarelava a cara diante do espelho. Existe tempo sem meses e relógios sem ti-tacs?
Era um calor assim, quase sufocante, o rosto pingava suor e os olhos ardiam, como quem põe brasa sobre eles, um cheiro de lavanda misturado a desinfetante de banheiro, uma plantinha vagabunda no jarro de R$ 1,99. Presa por anos dentro daquele corpo me senti por assim dizer, se eu puder esclarecer claro! Sem sentido algum, se no fundo e mais adiante e tivesse ouvido ou enxergado a abelha, o espelho e a folha, seria interessante lembrar, prender, mas andava murcha e amarelada, eu era foto desfocada, riso rasgado o desalinho total da minha mão não dizia nada qual meu destino. Aqui jazz atemporal mente para todo o sempre, amém! No desconforto de ser eu, dei a outra o direito de se render. Se me visse na rua, diria que sou um fantasma, se me conhecesse de mais perto, que tenho sede de vida, e profundamente diria que estou morta.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

1993...


Mil novecentos e noventa e três. O ano que deveria ter terminado só estava começando.

Sabe escrever pra você parece estranho, mesmo sabendo que não haverá resposta, nem o homem de amarelo gritando “Correio!”. Ao menos não com uma carta sua, mas tem lá seus motivos, mas a droga mesmo é que tenho certeza de que vai responder tudo em sentimento, uma droga maior ainda e que vai saber até a hora em que vou colocar a vírgula, pra separar tudo, eu você, os outros, as coisas que naturalmente tomam seu rumo.

Mas quando digo naturalmente não quero dizer de forma indolor, talvez sem sabor algum, mas, sem dor? Jamais! Seria muito devaneio de minha parte achar que partiu pra puta que o pariu e não sentiu nada, seria? Não importa, o fato é que tudo subiu, a gasolina, a conta de luz, eu subi, mudei de andar, o apartamento é menor, mas tenho uma vista melhor aqui de dentro, uma vista RS! Na verdade não compro nada a vista, é que quase tudo subiu menos meu salário, não posso esquecer, comprei outro gato, o antigo está pedindo descanso, acho que eu também estou. Aqui de dentro a vista é melhor, aqui de dentro eu ouço os passos de pessoas que não conheço, aqui de dentro vejo você atravessando o sinal, nem repara que está vermelho, não respeita a faixa de pedestre. Te contei que fui machucada? É isso mesmo não me machuquei, fui machucada, as pessoas amam isso não? Machucar os outros, eu sempre fui destrambelhada, mas não foi culpa minha, eu vinha na mão certa, você na contra mão, tentei d frear, mas nunca respeitou o sinal, estava fechado lembra?

Mesmo caindo uma garoa fina agora eu sinto calor, o pior é que os cigarros se foram, os gatos se foram, as baratas coitadas estão de mudança tem dias, só esse pó fino ainda insiste em sujar os livros, não tenho mais paciência alguma de ler os mesmos livros, parece um sarau narcisista, ler pra mim o que escrevi pra mim. Ontem quando desci pra comprar pão encontrei com aquela velhinha que lia a minha mão, coitada! Ela ainda acha que o mundo vai se acabar em 2000, que bobagem do jeito que vai ela nem sobrevive até lá, então pra que pensar no fim, se todo santo dia uma coisa termina? Nós terminamos. Às vezes me confundo, nós? Existiu mesmo um plural? Certo, entendi tudo é de forma á ser cíclico. Uma história dessas se torna cordial quando um terceiro elemento entre em cena, daí muda-se o tom da iluminação, desce um azul neon que dá impressão de calma, odeio me sentir tranqüila, dá uma angustia nessas horas, parece que tudo parou o vento e as novidades, tem certeza que ninguém morreu?

Certo então não fica combinado assim, espero sua resposta que não virá e deixo a velhinha lendo minha mão, a sensação que tenho é que este ano nunca findará. Deixe estar não há de ser nada. Espera! O sinal abriu. Bendito mês de abril RS...